PVC: saiba tudo sobre esse material
Você já se perguntou como seria a sua vida sem o uso de nenhum tipo de plástico incluindo o PVC? Bem, essa pode não ser uma questão muito simples de se responder, uma vez que os plásticos estão presentes em nosso cotidiano e em, praticamente, todos os lugares! Desde a invenção da Baquelite, uma das primeiras resinas sintéticas, em meados de 1909, o uso dos polímeros se tornou cada vez mais recorrente em nossa sociedade por possuírem características muito interessantes, como elevada flexibilidade, leveza e, principalmente, versatilidade.
Sendo assim, dentre os diversos tipos de plásticos que utilizamos em nosso dia a dia, se encontra o policloreto de vinila, também conhecido como PVC, o qual ocupa o posto de 2º plástico mais consumido no mundo. Entretanto, apesar das diversas vantagens que os plásticos oferecem, você provavelmente já ouviu falar que eles podem causar diferentes danos para a saúde humana e ao meio ambiente, e isso incluiria o tão utilizado PVC… Mas será que este material é tão “vilão” assim quanto dizem?
Vantagens do PVC:
O PVC possui cerca de 57% de sua origem proveniente do sal marinho e os 43% restantes são correspondentes ao petróleo, o qual pode também ser substituído pelo eteno, derivado da cana de açúcar, resultando em um processo de fabricação totalmente livre do uso de recursos naturais não renováveis. Além disso, fruto de sua grande versatilidade, este polímero é empregado em diversas áreas da sociedade por ser capaz de substituir materiais como alumínio, borracha, cobre, alvenaria, cerâmica, vidro ou madeira. Confira, a seguir, algumas de suas principais características:
- Durabilidade (podendo durar mais de 50 anos quando aplicado em construções);
- Atóxico e inerte;
- Leveza;
- Bom isolante térmico, elétrico e acústico;
- Resistência à diversas condições climáticas;
- Pode ser 100% reciclado;
- Possui baixo custo de compra no mercado.
Problemática do PVC:
Apesar de todos seus benefícios, existe uma grande discussão com relação ao uso deste material devido aos seus possíveis impactos negativos ao meio ambiente e à saúde, envolvendo desde seu processo de fabricação até seu descarte, dado que o PVC pode contribuir para a ocorrência de diversos tipos de câncer, além de favorecer a disfunção do sistema endócrino, imunológico e reprodutivo quando as normas de controle e segurança não são respeitadas nas respectivas fases do ciclo de vida do material. Nesse sentido, inúmeras foram as ações tomadas desde o descobrimento desses potenciais efeitos prejudiciais, a fim de atenuar ou até mesmo inibir as indesejáveis consequências da fabricação e descarte deste plástico. Em sequência, serão listados os principais fatores que podem contribuir para tais consequências:
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Resíduos derivados do processo de fabricação:
O processo de fabricação do PVC possui um impacto ambiental considerável. Isso, pois durante esse processo, é possível notar emissões de cloro, etileno, 1,2-dicloroetano, HCl, o monômero do cloreto de vinila (VCM) e subprodutos clorados, incluindo, possivelmente, as dioxinas. Nesse sentido, com relação ao VCM, descobriu-se, aproximadamente em 1970, que este composto possui potencial cancerígeno, o que resultou em diversas intervenções realizadas pelos produtores de PVC para garantir a segurança de todos os envolvidos com o material. Já sobre as dioxinas, muito se discute ainda se tal processo de fabricação contribui, de fato, para sua emissão, o que parece ainda não haver consenso; porém, é fato que esta substância é, também, nociva para a saúde humana.
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Necessidade de aditivos:
O PVC, em sua forma pura, é rígido e quebradiço. Dessa forma, para contornar essa situação e conferir as características que normalmente conhecemos para este produto, são adicionados aditivos como lubrificantes, plastificantes, retardantes, antiestáticos e antioxidantes. Dentre eles, o mais preocupante se enquadra na categoria dos plastificantes, os ftalatos, que são responsáveis por conferir flexibilidade ao plástico, mas que podem ser lixiviados e, com isso, afetar diretamente o meio ambiente, se depositando na água. Estes, por sua vez, são suspeitos de possuir efeitos tóxicos que podem afetar tanto o sistema reprodutivo quanto o sistema endócrino; novamente, a discussão sobre a relação entre os danos causados pelo plastificante e o PVC é bastante presente ainda, mas o que se sabe ao certo é que existem limites para sua utilização em qualquer material que o contenha.
Descarte e Reciclagem:
Após passar pela etapa de uso, o PVC será descartado e, com isso, pode ser destinado a aterros sanitários e incineradores, ou, por outro lado, ser reutilizado ou reciclado, sendo as duas últimas alternativas as mais ambientalmente saudáveis.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), pode ser necessário um período de 200 a 600 anos para que os plásticos se decomponham, o que nos indica que esta opção de descarte pode não ser a mais atrativa, uma vez que grandes quantidades deste material iriam se acumular nesses locais. Já os incineradores se mostram como uma opção ainda mais inviável, dado que neste cenário pode ocorrer a liberação de novas substâncias nocivas ao meio ambiente, tais como os compostos clorados já abordados.
Sendo assim, as formas mais interessantes de abordar o PVC em sua fase final serão a sua reutilização, quando o material preparado para o descarte pode ser reutilizado para outras finalidades (como para a confecção de vasos de jardinagem, por exemplo) e, também, a reciclagem, onde o material, quando bem separado, pode facilmente passar por este processo sem grandes custos. Neste caso, o plástico irá passar pela etapa de lavagem e secagem, para posteriormente passar pela moagem; sua etapa final se dá pela passagem por uma injetora ou extrusora. Podemos dizer, ainda, que a reciclagem é uma prática extremamente vantajosa do ponto de vista ambiental, visto que uma tonelada de plástico reciclado economiza 130 kg de petróleo que seriam destinados para a fabricação de novos produtos plásticos.
Alternativas para o PVC:
A resposta para essa pergunta é: SIM! Em algumas ocasiões, é possível utilizar produtos que contenham outros materiais ou que utilizem aditivos que sejam menos agressivos ao meio ambiente. No caso dos filmes de PVC para alimentos, por exemplo, é possível substituí-los por recipientes de vidro ou até mesmo utilizar tampas de silicone conhecidas como “universais” para a armazenagem das refeições. Além disso, existem, inclusive, outros produtos livres de PVC disponíveis no mercado, bem como cortinas de chuveiro e capas para colchões que não contenham este material.
Em resumo, temos que o PVC é um material bastante versátil que, além de ser barato, traz consigo uma gama de vantagens, o que resulta em sua aplicação nas mais diferentes áreas da sociedade. Entretanto, devido aos possíveis problemas ambientais e de saúde relacionados ao seu ciclo de vida, mesmo com uma fiscalização/legislação bastante intensa dos órgãos reguladores, pode ser preferível optar por outras alternativas mais seguras e menos danosas ao meio ambiente quando possível.
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